Um milhão e trezentos mil votos prum palhaço. Ninguém se conforma... Ninguém não. Existem pelo menos um milhão e trezentas mil pessoas, dentro do estado de São Paulo que saíram de casa, num domingo chuvoso e escolheram o palhaço, devem estar felizes. Mais impressionante do que a quantidade de votos, quase três vezes o segundo colocado que foi secretário da educação, foi a reação da burguesia. Aparentemente a maioria acha que sua candidatura deve ser impugnada. Arrumam qualquer motivo e apóiam, desde que ele não assuma sua cadeira no congresso. Suspeitam que ele é analfabeto. Não pode. Temos que acabar com o palhaço. E o respeito às pessoas que escolheram? A isso o pelé já explicou faz tempo...Não sabe votar. Ele preencheu todos os pré-requisitos exigidos. Tem ficha limpa etc. Foi logo falar o que ninguém queria ouvir. A maioria dos indignados não sabe direito o que um deputado federal faz. Já que a escola não conseguiu ensinar. Já que os deputados não conseguiram explicar... Quem sabe, daqui três ou quatro anos o palhaço explique...
Dia 08 de outubro, cinco dias após a divulgação do resultado aconteceu uma coisa muito engraçada. Um jovem negro, bem informado, estudante da USP declara para a galera do bar que freqüenta não saber se ia ter segundo turno. Acho que era o único brasileiro que não sabia. Até aí tudo bem. Está cansado do assunto. Não quer nem saber. Direito dele. Já tive momentos assim na minha vida. O engraçado é que quando o assunto chega no palhaço, esse mesmo jovem faz um discurso absolutamente conservador, dizendo por exemplo, que deveria existir uma faculdade de política obrigatória para habilitar uma candidatura a qualquer cargo político. Isso porque o jovem ficou indignado com a alienação dos 1.300.000 eleitores do Tiririca. O Sr. Digênio e o Sr. Storópoli provavelmente concordam com ele. Já devem estar pensando num curso tecnológico de dois anos. Quem sabe assim a sociedade vai saber o que o deputado faz sem ter que recorrer ao palhaço. A esses jovens conscientes.....
Norberto Avelaneda
